Aos 09 de julho de 1978, nascia em Recife uma pastoral que envolvia a juventude empobrecida, a juventude do campo, da periferia e da favela, a juventude do meio popular. A PJMP, Pastoral da Juventude do Meio Popular, gritava: “que a juventude empobrecida se evangelize! Que os jovens do meio popular se tornem sujeitos de sua própria libertação!”.
Ao longo desses anos, a PJMP tem contribuído muito para a caminhada da juventude do meio popular, através dos seus encontros de formação, dos congressos, das romarias, nas parcerias firmadas, nos mandatos populares e, fundamentalmente nos grupos de jovens, que é a nossa base, a nossa fonte maior de atenção e de articulação. É com a nossa base que encontramos a força e confiança constante para continuar seguindo em frente.
Nessa jornada, tem sido necessário encontrar alternativas para que essa viagem seja continuada, sem temer o conflito, sem acomodar-se, enfrentando todo e qualquer aparelho repressor e intransigente, mesmo diante das incertezas que o caminho ofereça. Não tem outro jeito para nós se não enfrentar os obstáculos e realizar a festa da partilha, da alegria, do encontro com o diferente, de saborear o gosto pela vida.
Vivemos em um tempo de aprofundamento das contradições da sociedade capitalista, que supervaloriza o consumo em detrimento da qualidade de vida e concentra nas mãos de poucos a riqueza coletivamente produzida, aumentando assim, o fosso social entre ricos e pobres. A juventude do meio popular é vitima desse perverso modelo de sociedade. Neste sentido, aproveitamos para denunciar o extermínio da juventude que atinge diretamente os jovens negros e pobres que habitam as zonas rurais e periféricas das nossas cidades que sofrem com a negação da garantia dos direitos fundamentais, como moradia, alimentação digna, acesso a educação, saúde de qualidade, democratização do acesso a informação, cultura, lazer, oportunidades de trabalho, emprego e renda, que possibilitem o seu completo protagonismo juvenil, tendo em vista que são aspectos garantidos pela Constituição Federal, porém negados na prática.
Chegando aos trinta e um anos de história, a PJMP não pode se afastar da sua ousadia original que ao longo dos anos soube fazer. Temos que ter a coragem de negociar, dialogar e se preciso for, romper o bloqueio das intransigências que a dura realidade nos impõe, no meio da sociedade e dentro da Igreja. É claro que a festa não pode faltar. Mas ela exige preparação, organização, desprendimento, sacrifício, sede, fome, resistência para suportar os percalços da vida. A nossa organização em nível de diocese e regional tem sido muito fraca, porém o que tem sustentado são as diversas alternativas que as bases encontram para viver. São encontros de formação, cursos, participação nas santas missões populares, parcerias das mais diversas possíveis, festas de padroeiro, arraias, festivais, articulação com outras pastorais e movimentos dentro e fora da igreja. Tudo isso mantém a base animada, forte, alegre, fazendo acontecer a novidade do Evangelho vivenciado no meio popular.
Portanto, apelamos à sociedade e a Igreja, através dos seus líderes para que não abandonem as juventudes e especialmente, a do meio popular, sendo sensíveis as suas necessidades e ao seu jeito de ser e de organizar-se, através de uma relação dialógica e não piramidal. Temos consciência do nosso protagonismo, não simplesmente no futuro, mas já no tempo presente. Temos clareza que não somos nem melhores e nem piores que os outros. Não somos nem santos nem demônios nesta história. Nem estamos numa guerra de pastorais. Somos e queremos ser companheiros de caminhada. Necessitamos estreitar parcerias com as outras pastorais, como nos pede os nossos pastores na Conferência de Aparecida, devemos “ser discípulos missionários”, ir ao encontro dos jovens do meio popular com abertura para acolher e ser acolhido, aprender e ensinar, misturar luzes e saberes.
Diante disto, em sintonia com o III Congresso da Juventude do Vale do Assu, que estará acontecendo nos dia 05, 06 e 07 de setembro de 2009 em Assu, tendo “em nossas mãos um sonho em mutirão”, ousamos sonhar e nos comprometer por “um outro mundo possível”, onde a vida seja plena e possamos ser saciados na nossa sede de viver e ser feliz, como prenúncio do reino definitivo, tendo o Pai e a Mãe à cabeceira da mesa, carregando a bandeira do amor, distribuindo o alimento da festa e dançando conosco a ciranda da paz no grande ILEAÔ.
Parabéns PJMP!
PJMP: 31 anos de Fé e Luta no meio Popular. Parabéns!
Clayton Antonio de Miranda Oliveira
Articulador da PJMP da Diocese de Mossoró-RN
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